domingo, 29 de setembro de 2013

Cárcere

Perdi-me nas entrelinhas que permeavam o desejo e a realidade.

Quando o sentimento se torna um cárcere de si mesmo e folhas em branco se tornam a minha história, torna-se uma passagem brusca pela vida, tão demorada em acontecer, tão rápida em se esvair. Quando o peso das frustrações se acumula nos ombros, o mundo vai ficando desinteressante, vazio, sem sentido e o único pensamento que vem a mente é desistir, conformar-se, aceitar que seus sonhos eram só sonhos, que seus ideais eram mera bobagem e que seus esforços se tornaram em vão contra as forças da vida. Quando você sente que a força que move o mundo externo sempre foi maior que a força que move o mundo interno, lutar é em vão, é morrer dentro de si.


Eu tive um sonho que dizia que todas as coisas do mundo passavam e como era um alívio não sentir mais.







De todas as indecisões, adversidades e contratempos, acho que a melhor solução até agora é o: foda-se!



[Suzanne Leal]

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Escrever é viver eternamente

Algumas coisas não servem mais. Outras dão vontade de abraçar de novo. Mas já está desfeito. Já está no impossível. Já está calejado. Já foi. O agora é agora. Daqui pra frente, só te espero, te respiro, recolho fantasias e as guardo, por enquanto. E então, me admiro, me encanto, me volto para dentro, desejando imensamente. Se eu não for vista, bem, eu tentei, eu acho. Talvez não o suficiente, talvez nunca seja. Nunca. Pra sempre. Eu não sei.

Destino, cá entre nós, acho que você precisa de um conserto. Onde posso comprar peças novas? Consertar, encaixar, pôr nos eixos, você sabe, andar bem, tudo conforme a trilha da Vida, com uma boa música para acompanhar, essas coisas.

Vá embora daqui pensamento. Se não me faz bem. Então pare de me fazer mal. Já cumpri minha parte do acordo. Quando vai cumprir a sua?

As pessoas esperam algo de nós e exigem que as perdoemos. Mas quando precisamos do mesmo, elas se recusam a nos dar. E nos condenam eternamente. Eu bem sei, todos esses anos, o esforço que me fiz, os sonhos que abandonei, as vidas que deixei passar. Eu bem sei, a dor que me causou, a amargura que me trouxe, o gelo que me tornei, o medo que se juntou a mim, todo a minha guerra pra não me deixar sufocar. Eu bem sei, mas talvez não quisesse saber. Te exigem compreensão, perdão, abdicação, te exigem tudo. E quando você precisa, você não tem, simplesmente não tem.

Meus olhos estão pesados. Parecem estar empoeirados, cansados, como se não tivessem dormido. Mas eles dormiram. Só demoram, mas dormiram. Não um sono bom, mas dormiram. Olhos, mostram o que está marcado na minha alma.

De cada dia começar um pedacinho. Recomeçar se for preciso. De cada dia, um cheiro novo, um sabor novo. De cada dia, com calma, procurando a paz, sem exigir tanto. De cada dia, deixar fluir, nem que seja só um pouco, erguer o corpo, olhar ao redor. De cada dia, acordar, ficar de pé, continuar, e se doer, deixa doer, não se desespere, seque cada lágrima, acredite, a dor ameniza, alivia, mesmo que ela volte, o alívio também volta. De cada dia, se permitir, um evento novo, um sorriso novo, reviva se for preciso, você vai sentir tanto, mas não se lamente, há coisas maiores lá fora, olhe depois dos muros, você vai ver. De cada dia um novo aprendizado, deixe seu espírito sentir a vida, ele vai se refletir externamente, nos seu rosto, nos seus olhos, na sua pele, ele vai dizer quem você é de verdade. De cada dia, um novo passo, um novo momento, porque nada se vive duas vezes, nem nas memórias. De cada dia, o momento agora é o que vale, construir uma história, ter vidas inteiras pra contar. Ser destemida.

Mais que tudo, que já passou, que ainda é, que não é mais, que ainda vai ser... eu só quero ir.

E no fim de tudo, eu só desejo paz de espírito.

Escrever é viver eternamente.