Nos diversos
caminhos e estradas que nos emboscam diante de escolhas durante todo o decorrer
da nossa vida, perdemos noites de sono e sossego, perdemos dias de claridade e
rendimento. Deixamos de viver nossa vida para vivermos a angústia das nossas
escolhas. Precisamos escolher entre o que queremos e o que é necessário. E às
vezes até fingimos que as escolhas não estão lá esperando que a gente se mova.
O que
desgasta é fazer escolhas imaginando as possíveis possibilidades, é escolhermos
entre o nosso sonho e a realidade. As possibilidades, acredito eu, jamais serão
como imaginamos ou planejamos. Mesmo que contemos todos os números necessários
e calculemos toda a conta com cada pedra ou desvio somado milimetricamente.
Ainda assim, nunca será igual.
Inventamos
medos e empecilhos. Você se afunda num poço de dúvidas por não saber por onde
seguir. Tudo isso porque no final das
contas, a responsabilidade será inteiramente sua. Assumir as próprias
responsabilidades é um passo imensamente audacioso e fortalecedor, mas
infelizmente, nem todos conseguem. O caminho da imobilidade é bem mais fácil.
O medo não é
do que pode vir. Mas de ter que assumir a responsabilidade pelas conseqüências
das escolhas feitas. É isso que assusta e te faz paralisar. É isso que nos faz
desistir. A repetição de pensamentos e sentimentos negativos de que nada vai
dar certo, parece se expandir como doença, como vício que contamina cada célula
do pensamento e da alma.
Temos medo de
escolher, porque escolher exige renúncia. A escolha traz consequências e
precisamos arcar com ela. Isso não significa que seja algo tão pesado e ruim.
De início pode parecer carregado, arrastado, sofrido, mas com o tempo a
percepção e o resultado serão bem mais satisfatórios do que a permanência em
uma insatisfação por não conseguir se mover.
Ao invés de
gastarmos energia remoendo e lamentando por não querermos assumir nossas
próprias responsabilidades, gastemos essa energia nos movimentando. Chegará o
dia em que terá que olhar para o outro lado da rua e atravessá-la. O que o
espera do outro lado não é possível saber. Para isto, é preciso tentar.
A tentativa é
o primeiro passo. A persistência é o segundo. A vontade só se torna um passo
quando se tenta. Deixá-la arraigada e presa dentro de si não causa mudanças,
pelo contrário, isso se acumula em energia ruim no corpo. E como dizem por aí
“nada se perde, tudo se transforma”, o corpo, por não saber o que fazer com
tanta pressão e energia ruim, transforma-a em doença. Uma doença silenciosa que
contamina a vida em passos vagarosos.
Por isso,
mova-se! Atravesse a rua!
[Anne Leal]
Qual lado da rua? Obvious