terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Das mudanças que não encontramos.

Todos os dias nós buscamos mudanças. Na grande maioria das vezes só esperamos. Olhamos ao longe, sonhamos, contemplamos e ao longe continuamos, estagnados em nós mesmos. Perdidos, como se a mudança não viesse nunca, a gente se encolhe em um emaranhado de incertezas, uma vontade de desistir de tudo, da vida ou somente fugir. Pra onde? Pra qualquer lugar onde eu exista diferente de mim.

O coração aperta, encolhe, por vezes se aconchega no calor dos sonhos, outras vezes se contrai com a esmagadora realidade. Não era assim que era pra ser. Como era? Eu não sei. Só sei que meu coração não bate aliviado. Ele sobrevive em meio às inseguranças da espera. Mas não é uma espera sem busca, sem tentativa. É uma espera que se reproduz nos passos, nos gestos, nas palavras e no pensamento pulsa avidamente. Mas ela não vem. É uma perda de si mesmo, sem conseguir se encontrar.

Logo o mundo desiste de você, de te ouvir ou compreender, de acolher os seus desejos e os seus sonhos. Você só pode contá-los a si mesmo. Em segredo e calado você segue com os ombros cada vez mais retraídos. O andar e o movimento se contraem, e diminuem a força, pesando o corpo. Dos olhos, a possibilidade se distancia. E então você só consegue fingir. Eu poderia falar sobre fingimentos, mas não hoje.

Num esforço de esconder o pensamento a gente amanhece e anoitece no mesmo vazio que existia ontem e ontem e ontem. É como se eu pudesse ouvir a angústia sendo feroz em meus pensamentos. Você simplesmente sabe que não é como o mundo te vê, e sim, como as almas te vêem. Mas almas têm sido tão raras.

E a gente segue sofrendo de ‘raridade de almas’ e por assim dizer, vivendo uma solidão compartilhada. É só disso que me sinto cansada.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Das pessoas que sugam as outras.

Existem pessoas de todos os tipos. Dentre elas, as que não passam despercebidas em nenhum lugar. E não, não me refiro a pessoas extrovertidas, cativantes, sorridentes. Refiro-me a pessoas coléricas, que contaminam o ambiente e nos sugam até a alma. E é exatamente a este tipo que vou me limitar.

Longe de levar a sério a expressão “a primeira impressão é a que fica”, não há como não levava ao pé da letra quando se trata desse tipo de pessoa. A primeira impressão é a que fica sim, e Deus nos livre de cruzar com elas novamente. Mas nem sempre Deus nos livra e como boa causadora de mal estar que ela é, lá vem ela, com passos sobressaltados, sugando o ar por onde passa.


A questão é “por que elas causam tanto mal estar?” Talvez eu pudesse usar uma resposta simples e direta: porque são chatas. Mas o que tanto as define como chatas, que se tornam praticamente intoleráveis por quase todos? Eu disse “quase”, pois existe também o tipo “alma sugada” (com olhar caído e triste) que leva uma vida arrastada e submissa ao tipo colérico. Mas esse tipo não vem ao caso.

Diferente de ser uma resposta simples e direta, a questão é bem mais complexa. Por onde elas chegam causam conflito, murmurinho, dor de cabeça e lamentação. São cheias de si, as donas da razão e do mundo. Não escutam, não entendem, não aceitam opiniões. Para elas, todos estão errados e gritam esbaforidas, alarmadas, que o mundo é somente delas.

São pessoas falsamente cheias de si, os chamados “vampiros”, sugam toda a sua energia, não importa o quanto você esteja certo, o quanto tente ser justo, honesto, ético. Justiça não existe para os coléricos. Para eles, só existe razão, mas uma razão obscura, uma falsa crença em si mesmo, do tipo “eu tenho razão e pronto, você que se dane, eu quero mesmo é ir contra”.

Quando vão embora, o ambiente fica mais leve, harmonioso e de imediato a mágica frase “ufa, ainda bem que foi embora, que não volte nunca mais”. Mas, mais cedo ou mais tarde, voltando ou não, outros surgem. Vez ou outra nós iremos topar com um pelo caminho. E se você puder desviar, desvie, fuja, corra, ou você terá um dia, uma semana, um mês, ou sabe-se lá quanto tempo de cansaço, e não é só físico, é cansaço na alma. 

O mundo obscuro por onde essas pessoas enxergam é sempre o melhor lugar, pra elas, é claro. Acho que no fundo sentem pena de si mesma. Mas o melhor mesmo é quando sentimos pena dela, pois conversar com esse tipo é como conversar com uma parede que te suga toda a energia. E como uma reza repetida e costumeira: livrai-nos, livrai-nos. Amém.

Como todos sabem, tem muito mais aí por trás essa prepotência colérica. Mas não se preocupe ou pare para entender.

Apenas, fuja.








[Suzanne Leal]