quinta-feira, 31 de julho de 2014

O transbordamento

Considero-me uma dessas pessoas que sentem demais, que captam cada pedacinho de sentimento de forma tão intensa que às vezes chega a ser difícil de respirar, ainda mais com a acumulação de peso sobre os ombros e sobre os olhos. É tanto acúmulo de energia que chego a me sentir maior do que eu realmente sou. Mas esta sou eu. Também é você?

Há dias e noites. Há noites intensas e ruidosas e há noites frias e solitárias. Os dias são mais quentes. Mas as noites podem ser gélidas quando solitárias. É uma repetição diária do anoitecer e do amanhecer, sempre no mesmo ritmo. E alma se agita com a aflição de quem quer mudar de caminho. Para mudar não basta pensar. Tá certo que o pensamento é o gatilho, mas é preciso disparar a arma.

O corpo é frágil e nos iludimos em uma falsa fortaleza. Aquela tal fortaleza que construímos com pilares de fingimento ao nos confundirmos com o outro. Nela nos envolvemos e cobrimos nossos olhos. Sinais e sinais à sua frente, ao seu redor, de dentro, de fora, de todos os lados, alarmes aos montes, mas é mais confortável não se mexer, viver no falso mundo criado sobre uma base construída com ilusões, fantasias e utopias.

Corpo é energia que movimenta. Se não movimenta, não extravasa, nem gasta, ele decai. Corpo também é pressão, se não move, enfraquece, adoece. Corpo é limite, é um bem que deve ser cuidado, mas muitas vezes é ignorado, desrespeitado. E quando acende o sinal vermelho, talvez seja tarde para reconhecer que não somos fortalezas. Tarde para reconhecer que somos humanos e que o adoecer e a morte andam do nosso lado, à espreita, de mãos dadas com nossos pontos mais fracos.




[Anne Leal]

domingo, 27 de julho de 2014

O fingimento da vida - parte 2

Ser humano é um bicho esquisito, ele se adapta a viver na dor, a se encarcerar e se firmar nos sofrimentos da alma. Ele se encaixa no comodismo e até mesmo no sofrer. E disso vai se alimentando, rastejando, com medo do novo, com medo de encontrar o melhor para si. Com medo de se levantar e caminhar sem olhar para trás. Ele constrói as próprias travas, grades e cadeados e se torna prisioneiro de suas próprias neuroses.

Um caminhar de olhos vazios, atônito, com talvez uma mínima perspectiva de um milagre. Talvez. De que a vida milagrosamente se transforme na utopia tão sonhada. Dentro de si pode até existir um desejo que queima forte, mas não há força para o movimento, não há força para ser você mesmo. Só a inércia de não conseguir ter autonomia sobre o próprio corpo. Não há força para dar um empurrão na consciência da consciência. Por que você pode até saber, mas só saber não basta.

Vez ou outra você até se anima, deixa brotar um novo desejo, planeja objetivos e até um novo futuro, um novo rumo, uma nova condição, quem sabe. Mas é um desejo que passa tão rápido quanto anoitece e amanhece. O desejo se esvai, dissolve e desaparece como se nunca tivesse existido. Logo se arranja uma nova desculpa por abandoná-lo tão rápido. E assim a gente se sabota, permanecendo com os olhos e o coração fechado.

Desculpas, a gente inventa um monte delas. Tão veloz é a justificativa de desistir antes mesmo de tentar. Tão rápido são nossas defesas, agem como se fossemos morrer. O fingimento se alimenta de desculpas, logo se torna seu pilar, seu jeito torto de funcionar. Assim você constrói a si mesmo, com mentiras que você mesmo inventou. E ainda culpa os outros pelas mentiras inventadas.

Fugaz e passageira é a vida alimentada por desculpas, que cresce alimentada por um vazio que angustia. É como se elas ficassem à espera do momento mais próximo, pra serem ditas exaustivamente, até todos cobrirem os olhos, até você mesmo cobrir seus próprios olhos, fingir acreditar que esse é seu eu verdadeiro. Mas a marca fica no seu corpo e tão logo ele dá um jeito de te mostrar. No fundo ou até superficialmente você sabe quem seu eu verdadeiro é. Você tem medo e assim persiste no fingimento, por medo, um sentimento tão humano que temos pavor de sentir. E então controlamos nossas feições, nossos gestos, nossas palavras, para não demonstrá-lo.

Mas no fundo, sabemos que estamos apavorados.







[Anne L.]

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Um olhar pra dentro


 Laura sabia de seus anseios. Todos os dias ela precisava sentar na janela mais alta da casa para poder enxergar o mundo por inteiro. Ela só sabia enxergar àquilo que estava além do palpável. Às vezes era algo difícil até pra ela. Os sopros que se escondiam entre as folhas compreendiam o que ela sentia.

Nas noites de vento, a janela era o lugar favorito. A escuridão do mundo falava dela por inteiro cada vez que o vento tocava a sua pele. Sabia bem no fundo que era uma voz que a chamava para algo mais intenso. Era a vida soprando ao seu ouvido. Ela precisava daquilo.


Quando sentava no topo da escada ela pensava que a vida era como degraus, que era preciso pisar em cada um para poder chegar para subir ou para descer. Mas às vezes dava pra pular também. Somente ela e a noite sabiam enxergá-la. Não era tão complicado assim. Na verdade, era tudo bem simples.


Quando se arrumava por dentro conseguia transbordar-se por inteira. Mas só seus sonhos podiam acalentá-la. No fundo da alma sabia o que mais lhe consternava. Só o som da chuva podia acalmá-la. Mas as chuvas eram raras. Eram silêncio e barulho dentro de si. Era difícil distinguir. Laura às vezes tinha mundos inteiros incrustados em sua pele.


Laura não queria se secar por dentro. Imaginar-se seca de alma era assustador. Preferia que doesse sem anestesiar. Até sentia alívio por ser assim. Se dói é porque sente, esta era sua lógica. E não sentir era impossível. Queria se compreender pela dor, pelo sentir e pela noite.


Assim ela se banhava sob o escuro da noite. Se não podia fazê-lo, podia fechar os olhos e olhar para o escuro de dentro. Antes de dormir repetia como prece: não me deixe esquecer-me, porque quando me desvio de ser eu mesma, eu me apavoro, não sei o que eu faço sem mim. 





[Suzanne Leal]

terça-feira, 22 de julho de 2014

O fingimento da vida - parte 2

No contato com o mundo, a superficialidade, que te arrasta pra solidão. A gente se consterna. Faz a gente pensar estar à margem desse mundo, um esquisito, um forasteiro perambulando sem destino. Não saber lidar, não saber agir com o que é aparente e leviano é desgastante. A Alma esgota, exaure. Às vezes a gente tenta, mas muito mal, um ponto sem rumo. Pessoas de Alma só sabem ser profundas. Como um oceano profundo. Não sabem nadar pelas bordas. Só sabem fazer contato de alma. O que externa a pele, se torna incompreensível.

É um andar sem rumo, solitário, sem ponto certo. Se você não se segurar, se manter firme dentro de si, você se deixa levar pelo superficial, pelo aparentemente belo, que te encanta e te ofusca com um brilho que pode trapacear até o mais atento dos olhares. É preciso tomar muito cuidado. O perigo está à espreita e facilmente te fisga. Quando você menos espera pode ser sugado, sem perceber está presa e cega para si mesma e para a vida.

Você segue fingindo um sorriso seco e começa a se deparar com rostos que mais se parecem espelhos simulando uma vida que não é sua. Bem no fundo você sabe o que é de verdade. É uma luta interna voraz do seu verdadeiro Eu contra seu falso Eu. É árduo. É um desgaste interno que adoece. É em vão. Acorrenta e pesa. Você começa a se arrastar pelas ruas, pelos sonhos, como se nada no mundo valesse acordar pela manhã.

Há exigências em cada esquina, em cada olhar, em cada palavra, é uma injúria ser você. É ofensivo aos olhos do outro. Atrás dos olhos é que se sabe a batalha que se enfrenta, uma batalha árdua contra a qual sua alma luta todos os dias e noites. Exceto para aqueles que não têm alma, que crescem apenas como uma casca vazia, contornada de ignorância, que jogam para debaixo do tapete sua luta interna. É uma guerra e não é fácil vencê-la.

Diante dos olhos do outro você se obrigada a se robotizar, a dramatizar a mesmice que socialmente é considerada normal, a monitorar todo e qualquer movimento, passo ou olhar. Você se endurece, se torna rígido. E em movimentos controlados você se desgasta e deixa de ser você. Quando menos percebe, você não reconhece mais a si mesmo e deixa de saber coisas simples como a cor que mais gosta. Reconhecer-se numa mistura moldada por tantos outros é uma tarefa difícil e longa.

Você e os outros se torna uma coisa tão misturada a ponto de não saber mais se diferenciar. Você quer o que o outro quer e não o que você realmente quer. Você quer o que o outro tem ou deseja e não o que você realmente deseja. E por aí vai a grande mistura que você se tornou.

Esse fingimento é como um veneno que mata lentamente, que dissolve sua essência, que te faz se apagar aos poucos. Você começa a caminhar num beco escuro, seguindo apenas os lugares que te dizem para ir. E assim a gente segue, desviando de si mesmo, desencontrando a própria alma, o puro, o verdadeiro. Desencontrando daquilo que faz de nós um ser único. Desencontrando daquilo que faz nos sentirmos vivos.

Qualquer coisa se torna maior do que a coragem de ser você. A não possibilidade, o distanciamento daquilo que realmente desejamos, tudo isso vai se tornando mais vívido à medida que desviamos da nossa essência. Fingir é mais fácil. Ser a nós mesmos consiste em um trabalho que exige bravura e a construção de um EU firme que não se deixe esmorecer ou fraquejar a qualquer sinal de fracasso.

O corpo dá os sinais de todas as máscaras que o sufocam. No início são recados que parecem bobos, vagos. Depois eles apertam, batendo firme. Mas a gente ignora. Num freqüente ignorar, a gente se maltrata, se machuca, buscando um culpado lá fora. Às vezes fica a dúvida se a ignorância é uma qualidade (ou defeito) intrínseca ao ser humano. Quem sabe? Recusemos-nos a acreditar. A sabedoria, esta sim é a liberdade.






[Suzanne Leal] 

quarta-feira, 16 de julho de 2014

O fingimento da vida

Acho que na maior parte do tempo a gente finge que está vivendo. Viver de verdade é bem raro e às vezes é bem difícil saber como é. Buscamos uma utopia que é vendida no mercado, as prateleiras estão cheias delas, atrativas, bonitas e cuidadosamente enganadoras. Ninguém nunca a encontrou de verdade. Pelo menos não que eu saiba.

Às vezes a gente se perde durante o tempo, ficamos sem amor, sem cor, sem sabor. A gente fica amarga, vazia, dolorida. É preciso dormir pra anestesiar e se aconchegar nos sonhos. A gente fica descrente, dolente, sem se enxergar por dentro ou por fora. É um tempo apagado e cinza. Um tempo fingido. Fingindo sorrisos, abraços, olhares, sentimentos, fingindo o que se é, fingindo a vida. A gente pede calma, tudo vai passar. Paciência para esperar passar. Eu não tinha. Você tinha?

Pensar demais faz desistir. O destemido torna-se a maior ambição de almas que desejam Ser. Ser audaciosa talvez seja a mais vital esperança dentro de nós. Mas às vezes parece ser tarde pra Ser Eu, pra Sermos Nós Mesmos. Parece ser tarde dentro de nós. Parecia ser tarde pra toda aquela corajosa e atrevida alma se expor e tomar forma. Quase tudo parece Não mais Ser. A esperança se esvai, protagonizando apenas riscos de chamas que salpicam em uma vasta escuridão. Às vezes a gente se perde por dentro.

A gente espera. E no esperar, há o isolamento, que traz à solidão, a angústia, a aspereza, a rigidez, a consternação. Nem todos agüentam. É preciso ser forte, é preciso alento pra aguentar o isolamento. A gente se retrai. Retrair-se é imergir dentro da sua própria sombra. A sombra que te mostra o seu lado oculto, o perigo que às vezes é ser você. E por ser perigoso, a maioria não deseja se encontrar. Longe disso, é mais cômodo viver no superficial, concorda?




[Suzanne Leal]




sábado, 12 de julho de 2014

O início - Infância

Na infância o vento significa pureza e os dias de chuva, aconchego e esperança. Esta última é a grande mãe de todos os sentimentos infantis. Esperança de uma vida melhor, de um mundo melhor, de realizar todos os sonhos, de ser alguém – um super herói - que mudará o mundo ou se não a própria vida, de crescer e ser feliz.

Ser criança é a mais pura beleza que a vida encarna, ingênua e livre de mesquinhez. Absorta em amor real, contemplativa de paz de espírito, ensimesmada com um mundo irreal, construído com tijolos de sonhos. Estes, destruídos com o crescer, se perdem no passado. Infelizmente, o corpo cresce e a alma diminui. O mundo fica menor e o coração também.

Raros são aqueles que ainda carregam dentro de si a joia esculpida por sua própria criança, que ainda lembram do significado de ser, ser qualquer coisa, apenas ser na vida. Que ainda carregam dentro de si aquele pequeno ser que construía vidas dentro do seu próprio mundo e as acolhia em seu pequeno coração. Pessoas raras que ainda caminham pelas ruas, perdidas, procurando almas como as dela.

Quando se é criança, a maior preciosidade é criar sonhos. Tirar isso de uma criança é tirar a vida. Àquelas que não dormem à noite, acobertadas por toques frios, são pequenos seres acuados pela marginalidade do mundo adulto, que late vorazmente contra a inocência, destruindo e derrubando cada gotinha do que havia de mais puro na alma. É uma vida roubada, arrancada à força daqueles que só queriam um pequeno espaço para colorir o mundo.

Ser criança é alegrar-se com um singelo sorriso, ou um simples brigadeiro. Ansiar pelas brincadeiras inventadas, construídas com simplicidade e imaginação. Cadeiras e lençóis transformam-se em castelos, decorados com estrelas e o maior perigo é lutar contra o vilão imaginário. Mas o vilão real, é o mundo adulto, que fica à espreita, esperando o passar do tempo para roubar a ingenuidade.





[Suzanne Leal]

quarta-feira, 2 de julho de 2014

PESSOAS BOAS MORREM CEDO



É com freqüência (e desde criança) que escuto a frase “pessoas boas morrem cedo”, dito com um tom de revolta como se fosse uma das maiores injustiças que existem no mundo. E continuam falando que pessoas ruins continuam vivas, elas é que deveriam morrer e não as boas. É um mundo cruel, um Deus injusto.


Tenho certeza que você já ouviu algum comentário do tipo, ou já pensou ou falou algo assim. Mas o que você sabe sobre essas pessoas que recebem o rótulo de “boas”? O que você sabe sobre a história de vida delas? O que você sabe sobre os sentimentos vividos por esta pessoa? Tenho certeza que não sabe a resposta de nenhum desses questionamentos. Você só sabe que ela era uma boa pessoa e pronto, não merecia sofrer ou morrer tão cedo.

Sofrer e morrer todos nós vamos, ser boa ou má pessoa não é critério de escolha. Morrer e sofrer são critérios da vida, são as condições por estarmos vivos. O que está vivo, morre. Apenas a forma do sofrer e do morrer é resultado de uma escolha sua. Não há mudança nisso, são questionamentos sem respostas.

O que percebo é que as pessoas boas “engolem sapo” a vida inteira, suportam a tudo e a todos, caladas, dizendo “sim” forçadamente quando o seu íntimo grita por um “não”. Aceitando o que não se quer aceitar e ainda tentam enganar a si mesmas com o conformismo da frase “é assim mesmo”.

Talvez sejam pessoas que nunca conseguiram desenvolver autonomia para a mudança. Que foram educadas para caminhar como um ser passivo. Sem ser ativo no mundo, o corpo não gasta a energia que tem gastar, ela se acumula. E como todo acúmulo ou excesso, uma hora transborda. Como? Adoecendo. Às vezes ainda tem jeito. Às vezes é tarde demais. A vida vai clamar por equilíbrio.

O que o corpo não gasta, ele somatiza. E num passivo “engolir de sapos”, o corpo vai somatizando. Não é algo de um ou dois dias. É algo de uma vida inteira. Não há ação, só reação manifesta com o adoecer. De olhos vendados, as pessoas boas seguem acreditando que é preciso aceitar, que é assim mesmo, que a vida é difícil e não há possibilidades. Acreditam que devem engolir tudo que lhes é atirado.

A pessoa não reage. “Fulano é tão bom, foi humilhado à vida toda e nunca revidou, sempre vivendo em ‘paz’ com ele mesmo”. Enquanto isso, as contestações internas fazem do seu corpo um campo de guerra, uma batalha árdua que pode ter um fim trágico com intenso sofrimento e dor (física e emocional). Para a dor física há remédios, e para a dor emocional o que há?

Nossas emoções se revelam no nosso corpo. Os mecanismos conscientes e inconscientes agem rapidamente e nossas células manifestam cada mínimo detalhe desta ação/reação. É você refletindo como você é, como você funciona, como você enxerga a si e o mundo, e não simplesmente por imposição – “porque é assim mesmo”. É só você sendo você mesmo.

Portanto, se você for rotulado como essa tal pessoa boa, reavalie-se! 





[Suzanne Leal]

terça-feira, 1 de julho de 2014

Sou eu ou é o mundo? O início.

- o início


Quando eu era criança acreditava haver um mundo além das estrelas, além daquele lugar fechado e áspero, e um dia eu conseguiria alcançá-lo. Eu acreditava em vida pura, livre de negatividade, do tipo que a gente fecha os olhos e abre os braços ao vento. Do tipo que se solta às pernas no ar no vai e vem do balanço. Do tipo não pouco se importa se o vestido ou o cabelo está bagunçado.

Essa é uma das preciosidades que a infância expressa em si. Carregada de sonhos, leveza e espiritualidade, ser criança consiste em ser puro, alto e sincero. É poder enxergar toda a doce candura da natureza. É ser livre pra ser o que quiser durante o dia e à noite dormir abraçado com a lua. É deixar a imaginação inspirar a vida e aninhar a própria alma de doçura.

É um tempo raro, poucos o vivem realmente, e por vezes, este tempo é roubado, se esquece e se perde, ou nem se quer começa a existir. Perder sua própria criança é perder metade da fé na liberdade, na simplicidade, no homem humanizado. É perder um mundo contornado por sonhos e por sorrisos livres. É expressar um sorriso forçado em que os caminhos significativos se dissipam pelo vento.

Quando se é criança o mundo é livre de insignificâncias, cheio de valores e tão enorme quanto os corações acalentados. O olhar para o mundo é expansivo, tudo é maior do que parece ser. Os caminhos são simples e os passos são soltos, leves e cheios de energia. E quanto mais vento para tocar os braços e bagunçar os cabelos, melhor.







[Suzanne Leal]