Tem sido difícil dizer tudo que sinto, organizar o pensamento, ser flexível comigo mesma. Palavras repetidas e fingidas têm sido utilizadas com mais freqüência, e às vezes tenho receio de me perder de mim mesma. Esquecer quem eu sou, esquecer meus desejos, meus sonhos. E tudo se findar na escuridão e no esquecimento do meu próprio pensamento.
Arrependimentos, fingimentos e culpas são os tijolos que sustentam o meu edifício, cada vez mais curtos e pausados. Você me vê, mas não sabe quem eu sou. Sem conseguir afastar esta nuvem, dou passos lentos e arrastados, com um sorriso forçado que não sabe onde se encaixar. Minha alma, ninguém nunca a conheceu de verdade.
Os constantes movimentos automatizados com o corpo, um leve – e pesado – balançar com a cabeça, manifestando um disfarçado sim, um fingido entender do mundo, camuflado em um forçado sorriso no canto da boca. É só assim que tem sido. Um aperto de mão que só conforta o outro e me torna solitária, arrastada pra longe do meu próprio sentir.
Peço desculpas ao mundo, peço desculpas à vida, por não entender o significado que muitos parecem sentir e compreender. Eu não, eu só reconheço um mundo pesado, uma vida árida que arranha a alma. Sei que existe vida dura, sofrimentos maiores e pesares que rodam a vida de corajosos seres viventes. Mas minha alma é consternada, ela não sabe se gratificar, se amenizar, nem se deixar tocar por essa vivacidade que tanto dizem existir.
É o que posso dizer, é assim, mesmo que o mundo não aceite. Talvez um dia a coragem me toque. Ou não. E minha alma continua assim, desconhecida, uma incógnita para o mundo.
[Suzanne Leal]
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