domingo, 28 de setembro de 2014

Qual lado da rua?


Nos diversos caminhos e estradas que nos emboscam diante de escolhas durante todo o decorrer da nossa vida, perdemos noites de sono e sossego, perdemos dias de claridade e rendimento. Deixamos de viver nossa vida para vivermos a angústia das nossas escolhas. Precisamos escolher entre o que queremos e o que é necessário. E às vezes até fingimos que as escolhas não estão lá esperando que a gente se mova.



O que desgasta é fazer escolhas imaginando as possíveis possibilidades, é escolhermos entre o nosso sonho e a realidade. As possibilidades, acredito eu, jamais serão como imaginamos ou planejamos. Mesmo que contemos todos os números necessários e calculemos toda a conta com cada pedra ou desvio somado milimetricamente. Ainda assim, nunca será igual.

Inventamos medos e empecilhos. Você se afunda num poço de dúvidas por não saber por onde seguir.  Tudo isso porque no final das contas, a responsabilidade será inteiramente sua. Assumir as próprias responsabilidades é um passo imensamente audacioso e fortalecedor, mas infelizmente, nem todos conseguem. O caminho da imobilidade é bem mais fácil.

O medo não é do que pode vir. Mas de ter que assumir a responsabilidade pelas conseqüências das escolhas feitas. É isso que assusta e te faz paralisar. É isso que nos faz desistir. A repetição de pensamentos e sentimentos negativos de que nada vai dar certo, parece se expandir como doença, como vício que contamina cada célula do pensamento e da alma.

Temos medo de escolher, porque escolher exige renúncia. A escolha traz consequências e precisamos arcar com ela. Isso não significa que seja algo tão pesado e ruim. De início pode parecer carregado, arrastado, sofrido, mas com o tempo a percepção e o resultado serão bem mais satisfatórios do que a permanência em uma insatisfação por não conseguir se mover.

Ao invés de gastarmos energia remoendo e lamentando por não querermos assumir nossas próprias responsabilidades, gastemos essa energia nos movimentando. Chegará o dia em que terá que olhar para o outro lado da rua e atravessá-la. O que o espera do outro lado não é possível saber. Para isto, é preciso tentar.

A tentativa é o primeiro passo. A persistência é o segundo. A vontade só se torna um passo quando se tenta. Deixá-la arraigada e presa dentro de si não causa mudanças, pelo contrário, isso se acumula em energia ruim no corpo. E como dizem por aí “nada se perde, tudo se transforma”, o corpo, por não saber o que fazer com tanta pressão e energia ruim, transforma-a em doença. Uma doença silenciosa que contamina a vida em passos vagarosos.

Por isso, mova-se! Atravesse a rua!



[Anne Leal]



Qual lado da rua? Obvious

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