quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Das esperas.


Esperei o dia inteiro, o dia inteirinho, qualquer sopro que viesse da sua voz, da sua não intenção de nada, do seu nem ligar. Eu esperei. E fique só. O mundo inteiro ao meu redor e a solidão me comendo vida. Só um sopro, eu só precisava de um. Pela janela, viesse qualquer não intenção que fosse, um pequeno pedaço de não querer. Eu respirei fundo de tamanho pesar que tudo ao redor se encolheu, de tão apertado que ficou o meu mundo.

Esperei o coração pulsar, acalentando e acalmando a respiração pesada. Esperei como se não fosse mais viver, como se fosse à última coisa a esperar na vida. Esperei como quem espera a vitória do dia mais glorioso. Esperei pelas palavras não ditas, escritas com o toque da alma, com a pureza que só almas sabem enxergar. Esperei o doce, o abraço, o verdadeiro, o tão esperado.

Esperei com as mãos apoiando o queixo, segurando as expressões inquietas do meu rosto, que se confessava intenso e inquieto. Cada segundo de olhar atento era eterno. O eterno olhar pra dentro de si, que toca a dor que causa tragédia aos corações humanos. Uma espera que calejou a minha alma. Em meu próprio ser eu me envolvi, abraçando o próprio corpo, pra que dentro de mim essa espera não tivesse um olhar tão duro e árduo. Abrandar-me era quase impossível.

Espera tola e estúpida.





[Suzanne Leal]

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