quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Das indiretas

As indiretas são como veneno, tomado por quem envia e por quem recebe. A indireta é algo tão pequeno e mesquinho, uma enganação de si próprio. Faz você achar que está por cima, quando na realidade, está mais por baixo do que pra quem a enviou. A indireta faz de você um egoísta, porque tudo que você quer é magoar. Faz disso um artifício fingido para se sentir melhor. Muitas vezes quem a recebe, sente-se a pessoa mais insignificante, como se nada tivesse valido a pena. A indireta é mesquinha, chula e árida. Corrói quem a envia, magoa quem a recebe. Não faz bem a ninguém, mas muitos insistem em usá-la.

E assim as relações se perdem, magoadas e feridas, separam-se bruscamente, acompanhadas pelas apunhaladas que as indiretas causam. Machucam a alma e enevoam o nosso ser, fazendo de nós seres pequenos, perdendo a estima e se distanciando da capacidade de amar. Atingem a alma e o coração, caem em nossas cabeças sem a leveza de uma gota de chuva.

As indiretas destroem o amor e tudo que havia de mais belo nas relações. É algo amargo. A amargura corrói como ácido. É árido e seco. Quem as envia se ilude, acerta o outro, mas também acerta em cheio a si mesmo. A indireta é um engano que se esqueceu de se acertar. São palavras erradas, ditas por corações amargurados e almas dolentes. Palavras tortuosas que se desviam do verdadeiro, do puro e do sereno, moldando a mesquinhez. Não se iluda, você que está atirando indiretas ao vento, como flechas ao alvo, está expondo o que há de mais ridículo em si próprio, destruindo talvez o que poderia ter sido de mais belo na sua vida ou mesmo germinando corações amargos.





[Suzanne Leal] 

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