terça-feira, 1 de julho de 2014

Sou eu ou é o mundo? O início.

- o início


Quando eu era criança acreditava haver um mundo além das estrelas, além daquele lugar fechado e áspero, e um dia eu conseguiria alcançá-lo. Eu acreditava em vida pura, livre de negatividade, do tipo que a gente fecha os olhos e abre os braços ao vento. Do tipo que se solta às pernas no ar no vai e vem do balanço. Do tipo não pouco se importa se o vestido ou o cabelo está bagunçado.

Essa é uma das preciosidades que a infância expressa em si. Carregada de sonhos, leveza e espiritualidade, ser criança consiste em ser puro, alto e sincero. É poder enxergar toda a doce candura da natureza. É ser livre pra ser o que quiser durante o dia e à noite dormir abraçado com a lua. É deixar a imaginação inspirar a vida e aninhar a própria alma de doçura.

É um tempo raro, poucos o vivem realmente, e por vezes, este tempo é roubado, se esquece e se perde, ou nem se quer começa a existir. Perder sua própria criança é perder metade da fé na liberdade, na simplicidade, no homem humanizado. É perder um mundo contornado por sonhos e por sorrisos livres. É expressar um sorriso forçado em que os caminhos significativos se dissipam pelo vento.

Quando se é criança o mundo é livre de insignificâncias, cheio de valores e tão enorme quanto os corações acalentados. O olhar para o mundo é expansivo, tudo é maior do que parece ser. Os caminhos são simples e os passos são soltos, leves e cheios de energia. E quanto mais vento para tocar os braços e bagunçar os cabelos, melhor.







[Suzanne Leal]

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