Considero-me uma dessas pessoas que sentem demais, que captam cada pedacinho de sentimento de forma tão intensa que às vezes chega a ser difícil de respirar, ainda mais com a acumulação de peso sobre os ombros e sobre os olhos. É tanto acúmulo de energia que chego a me sentir maior do que eu realmente sou. Mas esta sou eu. Também é você?

O corpo é frágil e nos iludimos em uma falsa fortaleza. Aquela tal fortaleza que construímos com pilares de fingimento ao nos confundirmos com o outro. Nela nos envolvemos e cobrimos nossos olhos. Sinais e sinais à sua frente, ao seu redor, de dentro, de fora, de todos os lados, alarmes aos montes, mas é mais confortável não se mexer, viver no falso mundo criado sobre uma base construída com ilusões, fantasias e utopias.
Corpo é energia que movimenta. Se não movimenta, não extravasa, nem gasta, ele decai. Corpo também é pressão, se não move, enfraquece, adoece. Corpo é limite, é um bem que deve ser cuidado, mas muitas vezes é ignorado, desrespeitado. E quando acende o sinal vermelho, talvez seja tarde para reconhecer que não somos fortalezas. Tarde para reconhecer que somos humanos e que o adoecer e a morte andam do nosso lado, à espreita, de mãos dadas com nossos pontos mais fracos.
[Anne Leal]
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